sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

2012 - 41 e 1/2




A minha geração só usava camisinha no puteiro, a idéia de usar camisinha fora desse contexto era ofensiva para a moça de família que abria as pernas pra você e era, naquele momento, a rara chance de uma trepada. Ela não era “suja”!

Vida que segue, tempos que mudam e ...pimba!
Trepar sem camisinha passou a ser um atestado de kamikaze.
Mesmo sendo um sujeito de certa forma tradicionalista, não ia ser por conta desse detalhe que iria virar monge trapista.
Aderi, é claro.

Acontece que camisinha é um saco.
O envelope foi cuidadosamente pensado para não abrir com menos de 18 tentativas, e depois de aberto, aquela coisa gosmenta nunca está na posição certa para desenrolar.
Para mim, que não sou particularmente habilidoso e meio cegueta, administrar essa delicada operação de encapamento, na maioria das vezes na penumbra, sempre foi muito complicado.
Mas perseverei que não sou homem de desistir quando a causa é justa.
Isso resultou, é claro, num sem número de “pera, deixa eu arrumar isso”.
Com a conseqüente quebra de clima e brochadas tão hilárias quanto angustiantes.

A não ser que sua parceira domine a pouco difundida técnica de colocar a camisinha em você usando a boca, - e que postulo seja incluída no currículo escolar para o bem da humanidade - o vivente vai estar  sujeito ao desconforto de, no meu caso pessoal, ter a sensação de tentar  colocar um sapato apertado sem tirar o nó do cadarço.

Na minha modéstia, nunca me passou pela cabeça que o problema poderia estar no tamanho...

Da camisinha!

Fato é que belo dia, num desses pré-embates coletivos, um companheiro de batalha ao constatar que eu não estava devidamente municiado, fez chegar as minhas mãos uma dessas XL que fazem a fama de qualquer um junto à moça do caixa da farmácia.

Surpresa!

Encaixe perfeito, nem justo nem folgado como um velho jeans confortável.
E mesmo sem portar tamanha exuberância descobri que em termos de camisinha eu calço 41 e meio.

A moça do caixa que se cuide...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

2011 - A Alternativa do Diabo

Na minha postagem anterior mencionei que estava lendo um livro que me deixava perturbado.
O livro a que me referia NÃO é o que menciono abaixo.
É outro e falarei dele depois.
O texto que segue é antigo mas, como ando meio sem tempo de escrever, achei que valia a pena publicar.
Apenas para fins de registro.
Ou reflexão.



A Alternativa do Diabo

Há muitos anos atrás eu li um livro do Frederic Forsyth que tinha esse título.
O enredo não vem muito ao caso e era um desses livros que você pode ler na rede, depois do almoço, antes de cochilar e que não faz a menor diferença se você retomar a leitura semanas depois.
Mas o título ficou, e ainda está na minha cabeça passados mais de trinta anos da leitura.
A  “ Alternativa do Diabo “ é a situação de escolha em que, não importa a alternativa escolhida , o sofrimento, a dor, e o caos serão esmagadores.
Depois disso muitas vezes eu me vi diante de situações em que  a  “Alternativa do Diabo” foi colocada diante de mim.
Ou foi assim que percebi no momento em que me foi apresentada.
E em todas elas, que eu me lembre, eu escolhi a que parecia ser menos  ruim  e que o tempo e o andamento  do processo se encarregou de mostrar que era a mais sofrida, dolorida e caótica sendo esse o grande truque do Diabo quando coloca você diante da sua Alternativa.
Não falo do resultado final da sua escolha, na verdade para ele não importa o resultado final,  o objetivo é apenas que você sofra o máximo possível num dado momento.
Se depois, por acaso, o resultado for positivo para você ele simplesmente coloca outra.
Conhecendo melhor do que nos mesmos nossos medos, nossas fraquezas, nosso egoísmo e nossa insegurança ele, de maneira hábil, e por que não dizer admirável, consegue sempre camuflar e confundir a pior escolha como sendo, aparentemente,   a menos pior.
E é exatamente diante de uma dessas Alternativas que eu me encontro.
Minha questão atual, portanto, é saber em qual delas e quais são as armadilhas porque conhecendo, pela força do tempo de convivência,   o insidioso propositor tenho certeza de que há mais de uma.
Posso reconhecer algumas... Ou penso que posso é essa já é mais uma das armadilhas?
A primeira diz respeito ao TEMPO.
Parece haver uma premência de solução que induz você a escolher logo, não pense e acabe logo com isso. Mas, numa outra via, parece ser exatamente o oposto e que você tem todo o tempo o que facilita você a pensar, sem obviamente lembrar que está em situação de angústia, e fazer a escolha PIOR. E que você acha que é a menos ruim.
A segunda armadilha diz respeito ao conteúdo das alternativas oferecidas.
Você  é levado a crer que ao escolher uma delas é a proposição aparente dela que você esta escolhendo.
Não é.
É  outra ...
Que você não percebe que está lá. Como as letrinhas miúdas de um contrato que você assina sem ler direito.
Uma terceira armadilha é o uso hábil dos nossos sentimentos na hora da escolha.
A Alternativa sempre é apresentada em momentos de raiva, medo e desespero. Justamente os três piores conselheiros para ajudar você numa decisão.
A grande questão com a “Alternativa do Diabo”  é que uma vez diante dela não há fuga possível.
Se você não escolher o Diabo escolhe por você.
Não acredito que seja possível passar pela vida sem ser apresentado a ela.
Pode ser que exista um meio sábio de lidar com ela eu, infelizmente, desconheço qualquer um.
O que me proponho ao rabiscar essas reflexões é ,  mesmo sabendo que estou diante de uma e que fatalmente cairei em algumas senão em todas as armadilhas, tentar entender como isso funciona e dar um pouco mais de trabalho ( ou diversão? ) ao Diabo.
É como um beco sem saída, apenas a escolha de uma das alternativas irá abrir a parede à sua frente.
Mas, algumas vezes, quando você está num beco sem saída, a saída pode passar a ser  justamente a ENTRADA do beco.
E então você pode até achar que encontrou um meio de driblar o confronto.
Só que pra sair você tem que voltar e enfrentar tudo aquilo que empurrou você para o fundo do beco.
E pode ir se preparando.
A viagem é aterradora.
E de qualquer maneira ele sempre se diverte.

Fevereiro 2011